Comunicado Importante - 3 contos do blog serão publicados

É com muito orgulho que venho anunciar, que eu Debby Lennon e Sandra Franzoso iremos participar da antologia Jogos Criminais. A Antologia será lançada no dia 15/01/2011, Na Biblioteca Viriato Correa, situada a Rua Sena Madureira, 298 - Vila Mariana. Meus contos Anjo Perdido e Joana e Maria, já foram postados aqui no blog e agora está aperfeitoado e com mudanças no final,o mesmo acontece com o conto O Noivado da Sandra. Maiores informações em breve.

sábado, 4 de julho de 2009

On the Road and far away

On the Road and far away

By N.E.I.’.

Pé no fundo, velocímetro batendo nos 185km/h, tudo certo, finalmente o final de semana chegou, e com ele o tão esperado descanso na chácara. Chega de passar o dia em congestionamentos, chuva, sol, enchentes, comida de padaria e clientes chorões! É hora de relaxar, acelerar o possante e mais uma horinha de estrada, vazia, recapeada e, claro, como toda estrada de SP, muito bem pedageada.

Carlos, sua esposa Débora e um casal de amigos iriam para Atibaia, passar o final de semana na chácara deles, comprada dois anos atrás com uma herança recebida. Aliás, herança recebida de uma tia de Débora que ela sequer tinha contato, foi impressionante quando o advogado ligou avisando sobre o testamento, até acreditar que era verdade e não golpe, tomou alguns minutos de convencimento e paciência do pobre advogado, que pagou pela fama de maus profissionais, que agem às brechas da lei.

Zeca e Mara eram recém-casados, tinham voltado de lua-de-mel recentemente, nada como alguns dias em Florença, respirando ares da Idade Média, apreciando o belo clima, perdendo-se na arquitetura que invocava o passado, berço de Dante, sua inspiração para a Obra máxima da literatura italiana, a dura partida depois de dez dias de amor e paixão nesta terra estrangeira e acolhedora, com povo tão igual quanto ao nosso, mas com muito mais história para contar. Zeca era cliente de Carlos, sua empresa de consultoria tinha contrato de manutenção dos micros executado por Carlos, pouco mais de um ano foi suficiente para descobrirem que a afinidade ia além das atividades profissionais, passaram a jogar tênis juntos, tomavam seus drinks todas as quintas, as respectivas esposas tinham suas diferenças, origens e criações distintas, mas conseguiram encontrar afinidades suficientes para uma boa amizade, onde uma aprende com a outra, ambas cedem e o diferente se torna comum e as diferenças de cada uma acabam se misturando tal qual uma poção alquímica perfeita, com um resultado que surpreendeu os maridos, e enlaçou os casais que se freqüentavam regularmente e sempre planejaram um final de semana junto.

A Zafira de Carlos disparava pela estrada, ele adorava correr, pouco se importava com multas, que sempre seriam divididas com a esposa e a mãe, para evitar o estouro de pontos, ademais, ele já fazia aquele trecho tinha um tempinho, conhecia a localização dos radares, aliviava e depois sentava a bota novamente. Carro novo, segurança total, com uns poucos resmungos de Débora quando o ponteiro se aproximava dos 200km/h, mas não passavam de resmungos, então a harmonia não se quebrava. Ouviam Bach e conversavam, as compras no porta-malas, nenhuma criança para perturbar, nada de choro, nada de gritos, nada de fraldas a trocar, enfim, seria o melhor final de semana do ano.

Uma ultrapassagem pelo acostamento, acontece, faz parte da vida, quem ainda não fez uma assim, um dia fará, faz parte das experiências da vida.

Era manhã de sábado, o sol já tinha nascido, tinha crescido e se mostrado de excelente humor, certamente inspirado para proporcionar luz e calor durante todo o final de semana, o que significava piscina e banhos de som, regados a cerveja e apimentados com uma bela picanha na brasa com queijo coalho, afinal de contas a vida é bela, e devemos aproveitar as melhores coisas da vida sempre da melhor maneira possível. Tinha esquecido a farinha, mas quem tem picanha de sobra, para que precisa de farinha? Besteira! O carvão já estava lá na chácara aguardando para ser incendiado.

Quatro jovens na faixa dos trinta anos, embora a duas garantisse ter menos de trinta, coisa de mulher...enfim, mentiras femininas à parte, um grupo jovem, saudável, feliz, bem-sucedido e na plenitude de seus desejos. Mais vinte minutos, talvez menos, o ponteiro continuava agressivo, querendo colar no final do velocímetro...

Alguns metros à frente, uma caronista com o polegar para cima. Carlos foi diminuindo a marcha, aqueles cabelos louros ao ar o atraíram, havia lugar no carro...

Fizeram uma miniconferência, as mulheres foram contra a carona, mas no final quem manda é mesmo o sexo masculino, aliás, Carlos, que estava ao volante. Resolveram parar. A moça era de Maringá, estava viajando de carona e indo para Atibaia, ficaria num albergue para jovens lá. Algumas trocas de cumprimentos, ela entrou no carro, Zeca ficou no recheio do sanduíche entre Mara e Stephanie.

Agora com mais uma ocupante no carro, as conversas pessoais se encerraram, apenas uma ou outra pergunta entre a menina e seus benfeitores e vice-versa. Acabou que, por interferência de Carlos, a menina foi convidada e ficar hospedada na chácara, havia uma casa de hospedes à parte, separada da casa principal, e ela poderia ficar lá, assim não atrapalharia a intimidade dos casais e ficaria livre para ir e vir a hora que quisesse. Débora não gostou nada desta conversa, mas isso não é uma novidade, seria algo surpreendente se ela não tivesse ficado bicuda, afinal, Carlos não conseguiu disfarçar muito bem seu grande interesse na beleza paranaense...de fato, não se pode condená-lo por isso..

Deixaram a estrada principal e entraram numa secundária, que levaria ate a estradinha de terra, aberta na mata, que margearia diversas propriedades. Descobriram que Stephanie era estudante de letras, havia trancado a faculdade para uma viagem pelo país. O dinheiro era curto, optou pelas caronas e albergues, passaria seis meses assim e depois retornaria aos estudos, de certa forma, estava cansada da sua cidade e queria conhecer gente nova, sendo assim, se lançou à estrada. Vinte anos incompletos, longos cabelos louros naturais, não traído suas raízes norueguesas, filha de pais imigrantes, trabalhadores do comércio maringaense, fugindo de uma Europa velha e rançosa. Seus belos olhos eram uma mistura de verde e azul, ora puxando para o verde – a noite – e ora para o azul celeste – à luz do sol. Silhueta avantajada, um belo porte distribuído em mais de 1,70m de altura, uma típica mulher do sul do país, quase nada de barriga, pele branca, feições delicadas e um sorriso sempre fácil. Puxou conversa, perguntou, respondeu, riu e parecia enturmada com os demais, exceto com Débora, que ainda estava emburrada.

Estradinha de terra, cascalho sob as rodas, a paisagem já mudara, agora estavam dentro do mato, só haviam árvores, cercados e algumas portinholas de outras chácaras. Cachorros latindo, sons de galinhas e porcos, tinham comido estavam alegremente emitindo seus ruídos, felizes, pelas terras de seus donos. Algum barro no caminho, umas pedras na estrada, havia chovido recentemente, mas nada que o carro de Carlos não pudesse superar, e ele ia feliz ao volante, cantarolando baixinho uma canção, o CDPlayer agora desligado, ele lembrava uma música que tocava na faculdade, à beira-mar, no seu violão, abastecido de cerveja gelada, vinho barato e cercado de seus colegas de turma: “Born to be Wild”. Bons tempos, lual na praia, cercado de seus amigos, belas garotas, algumas caiçaras e quase nenhuma responsabilidade. De fato, bons tempos...

A penúltima propriedade era dele, a cerca pintadinha de branco recentemente contrastava com as demais, em madeira viva, rústicas e sem nenhum acabamento. Carlos desceu para abrir, entraram e seguiram até a casa principal. O caseiro já havia ouvido os sons do carro e já deixava sua casa ao encontro deles, para a recepção. Relatou que nesta última semana havia ouvido sons na mata, sons estranhos, mas não houve nenhuma invasão. Aparentemente vinham da última propriedade da estrada, que estava vazia e para alugar há anos. Disse que foi até os limites da propriedade mas não viu carro, luz ou vozes, parecia vazia e abandonada, como sempre. Mas na alta madrugada, os barulhos recomeçavam...

Bom, descarregar o carro, levar as compras para dentro e preparar o almoço. Hora de incendiar o carvão, temperar a picanha, tarefa dedicada ao dois rapazes, ficando a moças responsáveis por guardar as demais coisas, dar aquele tapa na limpeza, arrumar as camas e, claro, se prepararem para cair na água. Biquíni, protetor solar, bronzeador, alguns bons minutos de espelho para ver se os pneus do verão passado ainda lhe faziam companhia, enfim, tudo aquilo que antecede uma exposição de corpos à beira de uma piscina.

Stephanie tinha ido até sua casa de hospedes, o caseiro tinha ordens de lhe proporcionar o que precisasse, de modo que sua esposa se prontificou a deixar habitável o local, trocou as roupas de cama, abriu as janelas e varreu as folhas da frente. Ela também iria para a piscina, foi combinado que almoçaria com eles e somente depois da piscina iria para a cidade. UM belo biquíni amarelo-limão com detalhes de borboletas lilás, bem curto, escondendo apenas aquilo que não deve ser visto antes do tempo certo, e mostrando o resto, que a natureza lhe proporcionou, aliás, natureza esta sempre bela, sábia e perfeita.

A pinha temperada, churrasqueira em ponto de bala, era hora de queimar aquela carne deliciosa, as cervejas dentro do isopor, três dúzias de latinhas devem ser suficiente, se faltar, a cidade esta há vinte minutos de distancia. Todos bebiam, de modo que refrigerantes foram excluídos da lista de compras.

À beira da piscina, as três já se encontravam estendidas, lagartas queimando ao sol, enquanto Zeca nadava, jogava água nelas e se divertia. Carlos pilotava a churrasqueira e sorvia sua cerveja, se divertindo com a paisagem humana, violado aquele pedaço de floresta nativa.

Ao chamado de que a picanha estava no ponto, foram todos se sentar ao redor da mesa, levando suas cervejas e beliscando aquela maravilha mal-passada. Nas conversas, o assunto era apenas um: piscina, a beleza do local, uma chácara pequena, bem ajeitada e cravada no meio da mata fechada, um verdadeiro oásis num deserto, o tempo estava ótimo, os mergulhos continuavam, a vida realmente era bela.

O humor de Débora melhorou, sol, piscina, cerveja e picanha fazem milagres ao humor das pessoas, a ponto de ela não reparar na troca de olhares constantes entre Carlos e Stephanie. Aliás, troca de olhares e sorrisos...

A tarde correu solta, jogaram vôlei na piscina, devoraram 3 peças de picanha e boa parte das cervejas. Nem viram o tempo passar alguns esbarrões (in)voluntários(??) entre Carlos e Steph, uma mão que escorrega aqui, outra acolá, debaixo d´água, enfim, a tarde rendeu e dentro de uma hora não haveria mais sol. Descansavam nas espreguiçadeiras e terminavam as cervejas. Era hora de entrar. Steph se despediu, disse que ia para sua casa de hospedes tomar um banho e depois iria para a cidade. Carlos protestou dizendo que ela não teria como voltar depois, seria perigoso, mas ela foi incisiva: iria para a cidade, afinal estava lá para conhecer a cidade, percorrer o país, e não para ficar trancada numa chácara. Carlos se ofereceu para levá-la ate a cidade, ela aceitou, mas não aceitou que ele ficasse de sobreaviso para ir buscá-la, afina, não queria dar trabalho e nem estragar a paz dos casais. Ela arrumaria uma carona, seria fácil, ou, em último caso, ficaria no albergue e retornaria na manhã seguinte.

Em casa esta oferta de carona até a cidade gerou uma pequena discussão entre Débora e Carlos, mas no final, promessa é promessa, ele havia se comprometido e iria cumprir, ele sempre cumpre o que promete. Saiu de casa deixando Débora, que foi até a sala se encontrar com o outro casal, que estava num dilema para saber qual filme colocar no DVDPlayer. Discutiram os três e resolveram colocar um filme ameno, optaram por rever “Um Estranho no Ninho”, clássico da década de 70 que lançou Jack Nicholson e consagrou Milos Forman. Zeca queria colocar “Sexta-feira 13”, pois achava que combinava com o local onde estavam, mas foi voto vencido pelas duas.

Steph já estava pronta, num vestido florido, rasteirinhas, um coque no cabelo, rosto lavado, sem maquilagem, sorridente apoiada no carro aguardando Carlos. Um perfume leve de lavanda saia do seu corpo. Carlos mal disfarçou seu olhar, com um aceno de cabeça pediu que ela entrasse no carro. Entrou, ligou o som baixo, uma música instrumental, Cole Porter era ótimo nestas ocasiões e, após uma troca de sorrisos, partiram.

* * *

FINAL DA PARTE 1

Pessoal, este conto será dividido em duas partes, a próxima parte será postada no próximo sábado. Se quiserem saber como a história termina, não deixem de ler o blog semana que vem. Eu estarei de férias semana que vem, mas a segunda parte já esta pronta, espero que gostem do final. ;)

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Um comentário:

Sandra F. disse...

Ahhhhhhhhhh e como eu durmo de hoje até o próximo sábado???
Bjs rs!

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